A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Conhecimento fragmentado – superficial – sem relação social interdisciplinar e transdisciplinar. Até o final do século passado esse ensino foi feito de forma superficial e fragmentada. Cada professor se preocupava apenas com os temas específicos de sua disciplina, normalmente seguindo o livro didático, nos pontos mais acessíveis, de mais fácil compreensão, deixando de estabelecer uma relação entre o conteúdo trabalhado e a realidade vivida pelo aluno, bem como entre as disciplinas que compunham a área de estudos e também entre as disciplinas que formavam o curso. O mundo e os problemas ao invés de serem considerados como globalizados, eram vistos como “disciplinados”, reduzidos ao âmbito das disciplinas específicas, pouco contribuindo para a compreensão e transformação do mundo real. Deixava de haver a reificação, ou seja, a transposição didática do conteúdo para a prática.
O papel do aluno, do professor e da escola.
O mundo é complexo. Ao aprendiz cabe identificar e compreender os problemas atuais, criticando-os, propondo soluções e tornando-se co-responsável pelas eventuais mudanças a serem realizadas. Ao professor cabe mostrar ao aluno de que forma o conhecimento específico de sua disciplina contribuirá para a construção do mundo vivido por ele. O conhecimento científico trabalhado deve ser apto para ser posto em prática através de uma ação docente disciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. É preciso descobrir as conexões entre as disciplinas da área, as disciplinas do curso e a realidade social. A aprendizagem que proporcionar a construção dessas pontes será considerada como sendo uma aprendizagem significativa crítica. Ela terá utilidade e dificilmente será esquecida pelo aluno. Portanto, o ensino e a aprendizagem devem ser contextualizados, sendo a escola o locus indicado para a aprendizagem de conceitos e construção de idéias e modelos reificados que possam subsidiar reflexões, debates e tomada de decisões no mundo real.
Aprendizagem significativa crítica – Princípios.
Para que esse tipo de aprendizagem possa ocorrer o autor M. A. Moreira, em sua obra Aprendizagem Significativa Crítica. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2005 propõe nove princípios, quais sejam:
1 – Interação social – questionamento. Perguntas ao invés de respostas. O professor deve trabalhar com o aluno no sentido de ajudá-lo a fazer boas perguntas ao invés de lhe dar as respostas. O aluno deve saber selecionar aquilo que vai aprender.
2 – Não centralidade do livro-texto. Deve-se usar em sala de aula uma maior diversidade de materiais e não somente o livro didático. No entanto, tanto o professor quanto o aluno deve desenvolver habilidades para usar os novos recursos no sentido de promover a contextualização do conhecimento.
3 – Aluno perceptor e representador do mundo. O aluno não é um mero receptor (educação bancária), sendo que a representação que faz é diretamente proporcional aos conhecimentos prévios que possui (os subsunçores).
4 – O conhecimento é uma forma de linguagem. As linguagens específicas de cada disciplina ampliam as possibilidades de representação do mundo percebido.
5 – Consciência semântica. É a capacidade que cada um tem de atribuir significado às palavras de acordo com os seus subsunçores e experiências de vida. Isso permitirá ao aprendiz vislumbrar possibilidades entre o certo e o errado, tornando-o apto para fazer escolhas, ao invés de mera aceitação da realidade posta.
6 – Aprendizagem pelo erro. É preciso aceitar que o erro é um processo importante na aprendizagem e a superação ocorre com a percepção. “Só não erra quem não faz nada; e só acerta aquele que tenta, sem medo de errar”. A punição do erro traz implícita a idéia de que o conhecimento é definitivo, verdade absoluta, contrariando o entendimento histórico de que o mesmo é sempre provisório.
7 – Desaprendizagem. Às vezes é preciso deixar de usar determinados subsunçores para que seja possível a aprendizagem de novos saberes. Para a aprendizagem, às vezes se faz necessário um desarmamento das barreiras e restrições. É preciso estar pronto para aprender, usando certos conhecimentos (em alguns casos) e restringindo outros (em outros casos).
8 – A incerteza do conhecimento. Definições, perguntas e metáforas. O conhecimento é provisório. As verdades não são absolutas. Perguntas ajudam nessa percepção e as definições e metáforas ajudam a pensar novas verdades e novos mundos.
9 – Não utilização do quadro de giz. Evitar o abuso da autoridade docente na reprodução do saber livresco, resolução dos exercícios tradicionais que serão cobrados nas provas, acarretando uma média classificadora. As atividades de ensino devem ser colaborativas, baseadas na troca de significados entre aprendizes e professor mediador. Por outro lado, isso não significa substituir o quadro de giz por outras técnicas de aula expositiva, mesmo que sejam tecnologias de ponta como o data-show, filmes educativos e retroprojetores.
AUSUBEL, David P. The acquisition and retention of knowledge: a cognitive view. Dordrecht: Kluver Academic Publishers, 2000. A aprendizagem será significativa quando a nova informação vier ampliar os subsunçores do aprendiz. Em alguns momentos é necessária a aprendizagem mecânica, mas posteriormente deve haver a reorganização conceitual que proporcione a aprendizagem significativa. Quando isso ocorre vemos os alunos chegarem à resposta desejada seguindo por caminhos que não foram trabalhados naquele momento, mas que precisam ser aceitos como evidência de aprendizagem.
CONDIÇÕES PARA A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
1 - Material relacionável com a estrutura cognitiva do aluno e que possa ser aprendido. O aluno deve ter os conhecimentos prévios para aprender o material proposto.
2 – Que o aluno se disponha a relacionar o material à sua estrutura cognitiva. Não haverá aprendizagem se o aluno não desejar aprender.
3 – Diferenciação progressiva. A aprendizagem deve partir do geral para o particular. E ao se trabalhar os conceitos específicos da disciplina deve-se fazer a reconciliação integrativa, demonstrando como estes tornam o geral mais bem elaborado.
4 – Experiências potencialmente significativas. O aluno somente terá interesse em aprender aquelas experiências que promovam o seu engrandecimento pessoal e que o ajude na solução dos seus problemas do dia-a-dia. Se o aluno não conseguir ver a utilidade do material apresentado, então não se disporá para aprendê-lo.
5 – Cumplicidade. O aluno precisa confiar no professor para que se disponha a aprender o que ele ensina. Do contrário será resistente.
6 – Gowin – Relação triádica professor – material – aluno. Tanto o professor quanto o aluno busca tirar significados do material de trabalho. Nesse sentido, o professor deve verificar o que o aluno já sabe para tentar alterar os significados já existentes usando o material. Também deve verificar se os novos significados adquiridos pelo aluno podem ser socializados. E ao aluno cabe atuar intencionalmente no sentido de captar os significados dos materiais educativos, devolvendo esses significados ao professor e que, não estando coerentes com o material deverão ser retrabalhados.
Outros fatores relevantes: a velocidade e o fluxo de informações no cotidiano exige a seleção do que é relevante para fundamentar os novos saberes, tanto na sua compreensão como na construção.
1 – conhecimento prévio
2 – emprego de esforço – precedida de triagem.
3 – Mais aulas – educação em jornada integral (o dia todo).
TEXTO DO PROF. ISAIAS RESPLANDES